terça-feira, maio 31, 2005

hoje

sentia o cheiro no ar, mas não te podia ver. podia tocar as árvores e senti-las crescer, colher papoilas e ouvir os pássaros. sentir-te ao meu lado, dando-me a mão. mas nunca te vi.

talvez porque tivemos tempo, tudo aquilo foi tão forte. desisti dos impulsos que apenas denunciam incertezas e sentimentos difusos. palavras sem conteúdo, onde me perdia (onde fugiste).

creio que agora é assim, lentamente, que renasce um sonho. da força, do conhecimento. sem nunca te ver. sinto-te aos poucos, tão pouco. aperta-me os ombros para me aconchegares. mesmo que o sol nos cubra e envolva.

contigo, um passo. outro. na estranheza que se transforma em simpatia. no olhar distante que é agora de admiração. nas palavras de circunstância que saem agora num tom suave, discreto, real.

toco-te de novo. ao de leve, como pedem todos os segundos em que nos entrelaçamos. a intensidade do meu mundo está então no teu. ofereces-me pedaços do que deixaste lá atrás, como um segredo que me confias.

sem nunca te ver. colho mais uma flor e prendo-a no cabelo. escondo no bolso o beijo que te roubei. sinto cada instante. sentes tudo em mim. sem falarmos sabemos. e é tão doce acordar assim...