sábado, dezembro 13, 2003

Um dia em cheio!

bem, não sei qual a ideia que têm dos homens das mudanças. a minha era, até ontem, a imagem de uns gorilas, altos, cheios de músculos e que, entre si (uns 2 ou 3) acartavam móveis como eu pego numa pena.
pois bem, tirem daí o sentido! a minha humilde casita anda de pernas para o ar com tantas mudanças: é o móvel que entra, a cama que sai, a secretária que muda de sítio...a bagunça! ora surge à minha porta um desses homens, que tão erradamente idealizei. o rapaz, que não devia ter mais de 23 ou 24 singelos anitos, não ultrapassava também a marca dos 150 cm (um metro e meio, se preferirem). e vinha (surpresa!) sozinho!
ora toda a gente sabe que para carregar móveis de um sétimo andar para a rua são necessárias, no mínimo, 2 pessoas. acertaram! euzinha, moi-même, me, myself and I...(com a prima, não lhe tiremos o mérito) a ajudar o miúdo! resultado: "estou que nem posso"!

a situação já de si era engraçada (para quem via, não para mim, como calculam), quando piorou. sim, porque há dias em que TUDO pode acontecer...e acontece mesmo!

ido o camião com o pequerrucho lá dentro, escondido atrás de um volante maior que ele, fica a também dolorosa tarefa de arrumar o possível. armários para um lado, pilhas de livros para o outro, mais uma dúzia de caixotes no quartinho que parece o armazém, e...triiiiiiiim! tocam à campaínha.

era a vizinha (pobre mulher, diz-se por aí que o marido lhe põe a mão, tem um filho delinquente que, sempre que pode, não se inibe de lhe passar a patinha pelo pêlo...): "o xenhor não xe importa de ver a minha fechadura? é que o meu menino deixou a chave lá encravada". o meu menino!
uma vez que não foi possível resolver a situação, vá de telefonar aos bombeiros, que cobram a módica quantia de €90 para deixá-la entrar em sua casa ("se fosse sócia, SÓ pagaria €30")!

pergunta: sócia dos bombeiros? bem, faziam um descontão e tanto! já valia a pena!! 18 contos para entrar em minha casa? o que é isto?

1h30 depois, a pobre mulher (que, depois de ter sido atropelada e ter estado de cama com 40 e muitos de febre - que, nestas alturas, as pessoas abrem-se mais, a solidariedade tem destas coisas - regressa a casa e toca-lhe esta sorte) bate de novo à porta, para ligar novamente: os bombeiros, ainda por dar sinal de vida (melhor dizendo, sem se ouvir a sua buzina nem ver a sua mangueira ou a escada), informa-a alguém do outro lado, não podem vir, porque a rua é muito estreita para o carro passar.

pergunta: e SE estivesse uma criança pequena ou mesmo um bebé dentro de casa, o que fariam? (este país é uma anedota, quem não sabia?)

a polícia manda-a ligar para uma casa de chaves. ao fim de 6 ou 7 tentativas ("a sra. tem que ligar para aqui", "agora ligue para ali"), lá demos com uma casa de chaves, que, segundo a lista telefónica, estava "disponível para emergências 24 horas por dia". ora, a pessoa que atendeu prontificou-se a vir abrir a portinha à vizinha, mas o pagamento, já se sabe, €65! porém, "a sra. vai ter que aguardar umas 2 horas, porque não temos ninguém para ir aí agora"...

pergunta: ora é impressão minha ou o serviço 24 horas funciona a QUALQUER hora do dia?

ainda juntamos as notinhas, que a mulher, coitada, não estava prevenida para este precalço (devemos ter sempre umas notitas a mais na carteira, não se vá dar o caso de não podermos entrar em casa, chaves encravadas é o que mais há para aí). às 21 horas (reparem que tudo isto teve início por volta das 17h30) o homem das chaves chegou, arrancou-lhe a fechadura (à porta, que já não tinha solução, não à mulher!) e toca a pagar mais uns €uritos, que a vida não custa a ganhar...

se o meu dia tivesse 25, 30, 40 horas, acreditem...muito mais havia de acontecer!

pergunta: mas a casa das chaves, "emergência 24 horas", funcionaria depois disso?
assim vai o meu país...