hoje dou a palavra e a imagem ao Daniel. o dia está cinzento, as palavras não se soltam e encontrei num texto dele o sentido ideal para um dia assim. e a imagem para todos aqueles em que é difícil respirar...
"Debaixo duma luz fusca, apenas isto é alma, nas sombras em que te tomo o gosto, apenas isto é teu. (...)
Nesta noite apenas isto é alma, demora o tempo que for, e só a razão da noite nada mais ser, transforma este lugar só nosso. (...)
Não sei ao certo se te comparei nesse instante, se te imaginei sem nome, não inventei desculpas para me deixar morrer...movemo-nos por gestos em que tropeçamos e caímos. (...)
As aspas fecharam-se...voltei para perto de ti e voltamos a respirar bem fundo, arranjamos força para percorrer o destino. Cheguei a acreditar que a cada passo que demos, deixamos para trás todas as escolhas estúpidas que fomos fazendo quando planeamos nossos mundos. Atravessamos corredores de dor infinita, corredores repletos de portas fechadas e que chamavam noite a outra dor íntima que suporta o regresso.
Se isto fosse um sonho mudava-lhe o cenário, se isto fosse um conto escreveria palavras diferentes, construía um caminho cheio de escolhas, de crianças que choram por sorrisos, queimava o choro em que nado, responsável pelo equilíbrio de tudo.
Abraça-me. Abraçamo-nos. Durante meio minuto fomos um só, à nossa volta o espaço era um vácuo de existências. Éramos anjos sem asas. Nunca gostei de despedidas, detesto tudo o que se resume a meras hipóteses, mas naquele momento, deixamo-nos corromper por meras hipóteses, abraçamo-nos."
Braga, 29 de Outubro de 2004
Daniel Camacho
Blog do Bafiento Jacinto Coito
Gazeta dos Triunfos e Fracassos do Agente Jacinto Coito e Companhia
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