terça-feira, maio 03, 2005

?

nunca percebi porque é que existem pontos finais. tornam as frases irreversíveis e as ideias plenas de um sentido que um dia desaparece.

é por isso que não acredito em caminhos traçados. isso torná-los-ia definitivos e retirava-nos o livre arbítrio. e gosto de pensar que a escolha é sempre nossa.

gosto do M. ele sabe. diz que também gosta de mim. então é simples:
eu + ele = nós juntos

mas isso é a minha mente simplista e o meu espírito prático. porque parece que há um espaço paralelo, em que outra realidade tem lugar. perdi-me dela. ou nunca chegou a existir para mim.

numa corrente de pensamentos absurdos, ouvi um sonho que alguém me deu: "se tivesses que morrer agora, quem querias que te segurasse a mão"?
não hesitei, eras tu. porque não se hesita no que se sente. como também não se comanda.

ouvi de novo "e uma memória? dizem que nos últimos instantes, toda a nossa vida surge como um filme diante dos olhos e percebemos que é o último suspiro".
aqui hesitei. seguramente porque não sabia o que dizer. queria rever todos os segundos em que estavas ao meu lado e em que fui feliz, mas isso não era possível. tinha que fechar os olhos e partir.

sorriste-me. lembraste-me que o mundo não pára e que é preciso seguir em frente. tentar, errar, tentar de novo. disseste-me que a dor é um silêncio que se instala, mas não definitivo. o silêncio, acrescentaste, é como as reticências, que escondem segredos e vitórias para lá da muralha.

não te disse, mas morri um pouco. enquanto me seguravas a mão e me beijavas o rosto com a certeza de uma saudade que voa, já não estavas comigo. conformado, apenas isso.

agora fico à tona, à espera do resgate. e não existe uma fórmula matemática que quantifique o que escondo. já não.

gosto de ti. até sempre.

1 Comments:

At 12:30 da tarde, Blogger snowgaze said...

Deixaste aí uma pergunta bem difícil. Se tivesse que morrer agora, queria era adormecer primeiro, no sítio do costume, com a pessoa do costume. E morrer durante o sono. Era capaz de não ser muito agradável para ele, mas para mim, era a melhor maneira de me ir. :)

 

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