sábado, junho 04, 2005

onde guardo


se a rotina se instala sorrateiramente, perdemos pequenos focos de luz que a quebram. os mesmos locais, impregnados dos mesmos cheiros e dos mesmos sons. os mesmos rostos vestidos da mesma disposição para encarar o mundo - ou simplesmente para sobreviver nele.

havia várias formas de fugir dali: admitindo que não era aquilo que queria suportar e traçando um rumo novo bruscamente, sair gradualmente de um local que lhe cabia na medida certa, ou esperar que uma mudança súbita acontecesse.

nem foi preciso esperar. porque as mudanças aconteciam de repente. era sempre assim na sua vida. mudar de casa, de país. enfrentar os medos e anseios. ignorar os grandes acontecimentos para valorar mais os pequenos, que preenchiam infinitamente mais o espírito perturbado ou abandonado à brisa de uma tarde de verão. ouvir com atenção as pessoas e perceber nos detalhes mais ínfimos que cada palavra (ou silêncio intermédio) tinham significado.

corria riscos (calculados?) que achava necessários para se sentir viva, esperando que o caminho não lhe criasse a barreira invisível de um retorno sem alma. como se a mudança de vida fosse maior do que a paixão. como se mergulhar numa vontade fosse indiscutivelmente melhor que perseguir um sonho.

nunca o admitiria, mas sabia que havia um longo caminho até chegar ao arco-íris. e tantas cores pelas quais se apaixonara irremediavelmente, colhidas ao longo do caminho.

3 Comments:

At 7:15 da tarde, Blogger Joana said...

obrigada, Rita :)*

 
At 7:26 da tarde, Blogger K. said...

:)

Beijão!

 
At 1:25 da tarde, Blogger Joana Amoêdo said...

Fotografia expressionista...és das minhas;)

 

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