sábado, setembro 04, 2004

cada minuto que passava era uma esperança. mas podia ser também o último. a fome, a sede, o calor...o medo, o terror.
centenas de pessoas viam a vida escapar por entre os dedos. num dia normal, seguiam o seu caminho, retomavam a rotina que o mês de setembro sempre devolve...e acabaram com lágrimas, com receios e, muitas, sem vida.
subitamente, o mundo já não existe. deixou de ser o refúgio que lhes é destinado e agora só têm aquele canto, onde as pessoas se amontoam.
tudo o que vêem são armas. e respiram ódio, muito ódio naquelas mentes perversas e sujas, que os prendem num acto de loucura. a inocência também os abandonou. descobriram o que é viver no pânico e as imagens não cessam, ficam para sempre gravadas num (in)consciente que não deixa espaço para o sonho...somente o medo. e as feridas, tantas, abertas e sangrentas. de novo o medo e a angústia e a tristeza e a raiva e um turbilhão de emoções que não conheço, que não
imagino. e, no fim, a morte.
e para sempre a imagem de um soldado que chora, abraçando uma criança morta que não deixou de ser um anjo...e que, cedo demais, abriu as asas para nos abandonar.