terça-feira, setembro 14, 2004

Ouviste as luzes que se ergueram no céu? Não se ouvem...? Então tratou-se de um sonho? Mas era tão nítido aquele som, aquele clarão.
Uma melodia infinita, que acompanhava as estrelas e se desfazia depois, lentamente.
No céu ficava apenas um rasto, um traço distante que deixei de ouvir. Os traços ouvem-se?
Quando vi que aí vinhas, pintei-o de azul, para que a escuridão não revelasse o meu segredo. E escondi aquele som, guardei-o num baú, aquele onde só as coisas importantes têm lugar.
Foi como esconder um sonho, não queria que soubesses da sua existência. E, afinal, descubro agora que era só isso...um sonho. Pensei que só podia ter dele uma memória que o tempo vai ofuscando e apaga. Mas trago na mente aquela cor e a música diferente de todas as músicas que conheço.
E apareces tu. A tua voz é tão nítida. A tua imagem tão real. Não eras um sonho nem estavas no céu. Caíste à minha frente e não te quero prender. Não quero que pertenças ao baú de recordações.
Fica, gosto de ti.