FELIZ 2005!!
não podia fugir à tradição...um post pequenino para desejar a todos um FELIZ ANO DE 2005, cheio de felicidades e boas surpresas!
um grande beijinho* com 12 passas na mão e muito champanhe ;)
Gazeta dos Triunfos e Fracassos do Agente Jacinto Coito e Companhia
não podia fugir à tradição...um post pequenino para desejar a todos um FELIZ ANO DE 2005, cheio de felicidades e boas surpresas!
um grande beijinho* com 12 passas na mão e muito champanhe ;)
gosto de reconhecer pessoas. no sentido literal: voltar a conhecer.
quantos não são aqueles que nos abandonam, por um ou outro motivo, sem nos darem tempo para correr e tentar agarrá-los à nossa vida? talvez precisem de espaço, de outras pessoas, de horizontes que não lhes podemos dar. não porque não queremos, apenas porque não conseguimos. deixemo-los ir, então...
um dia, depois de termos traçado metas distintas, os caminhos voltam a cruzar-se. nem sempre, mas acontece. temos à nossa frente outra pessoa, que vamos re-conhecer. ouvimos as histórias, os pensamentos, vemos como foi bom este tempo (amadurece-nos), como crescemos.
podemos então recomeçar tudo do ponto em que deixámos. e, no final, vemos que o essencial sempre lá esteve... :)
"No mundo onde vivo a ternura é uma coisa quase inexistente, reduzida ao seu esqueleto racional. Temos algum medo que ela nos corroa a carne e nos chague como as borbulhas de uma epidemia. Descarnamo-la e damos-lhe tantas voltas, e tão subtis, quantas dá a madeixa do cabelo na cabeça de um careca para lhe encobrir a calvície. Os freudianismos, e mais todos os 'ismos' possíveis, levam-nos a estabelecer meticulosas regras de 'protecção'. Por isso, no meu mundo, a falta de ternura é considerada um 'mal menor'".
Jorge Cabral dos Santos in Encontrei o Principezinho, Carta a Saint-Exupéry
a saudade transformou-se num sentimento bom...gostava de me lembrar das nossas conversas. do sorriso dele. dos passeios de mão dada à beira-mar. das músicas cantadas ao ouvido. dos telefonemas e mensagens. das viagens sem fim, para aproveitar os minutos mais intensos de um tempo que parecia não passar, quando não estávamos juntos. da chuvada que apanhámos à noite. daquela tarde na esplanada, num verão que se perdeu lá longe, quando entornou o café e ficou atrapalhado. dos recantos da cidade que me mostrou, cada um com uma história. da ida à piscina e dos amigos. da família...e o resto, tudo o resto que estava guardado.
gosto de recordar esses momentos. a saudade é tão doce assim...*
há coisas tão boas de ouvir! :) hoje de manhã na Estefânia, onde faço voluntariado com os "meus meninos" (eu e a nossa Bravo), havia um puto com 3 anos simplesmente delicioso. daqueles que marcam (e são alguns...)! olho verde, cara reguila até dizer chega e pregava-nos umas petas...! :)
contou-me, em animada conversinha, que tinha um mano. a mãe disse que era mentira, mas que era o grande desejo dele. metemo-nos com ela, "porque é que não lhe faz a vontade"? hihihi
fiquei a pensar na resposta dela, até porque há pouco conversava sobre isso com uma moça que tem o mesmo desejo que ela: adoptar uma criança. "já tenho uma do meu sangue, agora gostava de realizar o sonho de sempre que era adoptar outra, mas o meu marido não quer".
achei aquilo tão sincero e tão comovente, que dei comigo a pensar no assunto. não deve ser fácil acolher uma criança que não se conhece - sobretudo se não for bebé. as origens, os pais biológicos, a saúde, os hábitos, a aceitação na nova família...tudo isso deve ser difícil de ponderar, para que a decisão seja a mais correcta.
por outro lado, é só uma criança. o mundo ainda não existe para ela, talvez o único lado que conheça seja o do sofrimento, do abandono, a mudança de associações (quando vive nelas). e, no fundo, é só um ser humano (pequenino) com as mesmas necessidades de carinho e afecto que todos temos. que precisa de uma casa e de alguém que a ame.
que ainda não sabe, mas é bom sonhar. :)
"...na esperança de que um destes dias o amor lhe aparecesse sem avisar. e o amor não vinha nem dava sinais, não porque não pudesse aparecer mas porque já lá estava. porque o amor não aparece, germina. e então um dia percebeu que o amor era aquilo, uma coisa muito simples, nada complicada, uma desilusão até em nada semelhante ao que ouvia dizer por aí. e então percebeu que sempre tinha amado, embora não soubesse. e que sempre tinha sido muito feliz sem gozar da plenitude dessa felicidade, porque pensava que havia uma outra, como versão melhorada da mesma coisa. o amor, de facto, nunca veio porque já tinha nascido, com ela, sem que disso se desse conta".
Fernando Alvim in No Dia em que Fugimos Tu Não Estavas em Casa
desde que nos tiraram o comboio do Rossio, as pessoas andam loucas. literalmente a bater mal da cuca!
ontem à noite, depois de uma ida ao cinema perfeitamente surreal, entro no comboio com a Bravo e lá íamos em animada cavaqueira. Sete Rios: entra um maluco. um senhor negro, de idade já avançadota, carregado de sacos do Corte Inglês. só consegui ver a figura, quando ele saiu na estação seguinte. a voz, essa, acho que ecoou até ao Cacém, mais estação, menos estação.
o motivo principal de descontentamento era - ooooooh, espanto! - o nosso (des)governo.
"o Santana Lopes isto, o Presidente da República aquilo. amanhã há conselho de estado, vão todos fumar chamon. o português, quando vai para o estrangeiro, é tratado como o preto. e o Santana só quer é fazer figura. e isto é tudo uma merda. e o camandro e não sei que mais..."
tudo entoado uns tantos decibéis acima da média! risota geral. saiu em Benfica. como uma grande estrela, que acabou de ter os seus 5 minutos de fama (o tempo que o comboio demorou a percorrer o caminho entre as 2 estações), abre o maior dos sorrisos e deixa-nos com esta: "obrigada pela vossa atenção"!
pergunta: tínhamos escolha?!
logo atrás vem um pedinte que, entre uma e outra gargalhada (não sabia que eles também se riam), diz com muita propriedade: "e depois nós é que somos os malucos"! :)
***
hoje, meu rico comboio, sempre cheio de peripécias mirabolantes, mais um cromo. a personagem: careca, com os seus óculos enormes numa cara de fuínha, a calcinha de fato, uma camisa a condizer, a gravata tirada de um desenho animado, amarela e berrante, e o casaquinho a completar a toillette. comecemos...
vinha eu entretida com os meus pensamentos, quando sou interrompida pela berraria. (estas pessoas da linha de Sintra têm uma tendência natural para elevar a voz...será alguma epidemia ao nível dos tímpanos?)
o telemóvel toca. ele atende. desgraça! "MAS O QUE É QUE TU QUERES? (grita) não precisa de dinheiro, não? (sussurro dele, que corresponde ao nosso tom normal) AH PRECISAS? TU ESTÁS NO SUPERMERCADO E EU NÃO TE CONSIGO OUVIR! LIGUEI-TE ÀS 16H10 E NÃO ME ATENDESTE!! (eram naquele momento 16h15) não te oiço, estou no comboio (novo sussurro). QUERIAS! TU VAIS MAS É PARA O CARAÇAS. (começa a baixar o telemóvel, olha para ele e remata com um...) ADEUS!!"
de seguida, põe o seu ar mais composto e segue viagem. mais uma história de um casal unido e feliz! :)
estar à tua espera não é fácil. parece que nunca mais vens. talvez nem existas. havia um pôr-do-sol numa praia onde estive e que queria agarrar. sabes o que fiz? guardei-o com a força do pensamento. agora anda sempre comigo e recordo-o quando quero. às vezes tenho vontade de chorar - por um ou outro motivo tolo - e vou buscá-lo. ponho-me novamente no mesmo cenário, sozinha, sentada naquele local, com o mar à minha frente e a areia a escorrer da palma da mão. sinto-me bem. esqueço momentaneamente que há coisas que não me fazem feliz. o sol esconde-se devagarinho, lá ao fundo, na linha de um horizonte que perco. uma imensidão de água, onde imagino que a vida toca o céu. há uma serenidade em tudo isto, que não te conseguiria revelar. vem até aqui, dá-me a mão e sente-a comigo. a noite vem, lentamente, e a lua abraça-nos numa luz inocente e trémula.
tocaste-me agora no ombro e procuraste estas palavras...
hoje estava um fulano no ginásio que eu nunca tinha visto mais gordo. percebi, depois pela conversa com outros colegas, que costuma ir de tarde (está explicado) e que hoje se tinha baldado ao emprego - depois queixam-se que o país não anda para a frente!
estava eu, muito quieta no meu canto, a trabalhar o glúteo, quando o jovem se planta na passadeira ao meu lado. tudo bem! subitamente, chega-me ao nariz um cheiro muito estranho...não consegui definir se era vinagre ou chulé! certo é que ainda agora estou enjoada...blugh.
é natural que a malta esteja suada, mas nunca me constou que vinagre fosse um cheiro comum depois de uma manhã de treino. a menos que, é uma hipótese, o desodorizante do senhor estivesse fora de prazo. ainda olhei para os pézinhos dele...estava calçado! continuo na minha, aquilo devia ser vinagre, vindo sabe Deus de onde!!
engraçado que até as pessoas que o conheciam, mal chegavam perto, recuavam no mesmo instante. às tantas estava alguém a falar com ele, mas do outro lado do ginásio..."OH NÃO SEI QUANTOS, POR AQUI A ESTA HORA"?
este fim-de-semana, aproveitando a onda de solidariedade que se instala pelo país na época de Natal, fui fazer voluntariado para o Banco Alimentar. muito bem acompanhada, de resto, pelo Alf, a Fifas, a Bravo e a Di. :)
o Pingo Doce da Av. Almirante Reis é pequenino, as pessoas não tinham por onde escapar. acho até que algumas, ao ver tanta cara laroca com sacos do Banco, fugiam e deixavam as compras para 2ª feira.
"boa tarde. gostaria de contribuir para o Banco Alimentar Contra a Fome"? foi a frase mais ouvida e repetida vezes sem conta. ao segundo dia, chegámos à conclusão que, se substituíssemos a palavra contribuir por ajudar, tínhamos mais sucesso! e assim fizémos :)
foram 2 dias cansativos, mas muito gratificantes - apesar de algumas "aves raras" que nos apareceram à frente.
as desculpas para NÃO CONTRIBUIR variavam entre o banalíssimo ou o muito original. normalmente, as pessoas mais generosas eram curiosamente pessoas mais idosas. os jovens só davam um arzito da sua graça, quando nos metíamos com eles.
estatisticamente, está provado (por nós, voluntárias) que os mais indiferentes são quem aparentemente tem menos dificuldades económicas (por exemplo, as senhoras de casacos de vison e as tigresse).
fica o top 14 das respostas negativas, por ordem crescente de originalidade:
14. não!!
13. (passam por nós como se fôssemos invisíveis)
12. já contribuí!
11. dei o ano passado.
10. vou só ali buscar uma coisinha...
09. não vim fazer compras! (duh! então o que é que se faz num supermercado?!)
08. só vim ver uns preços (é um estudo de mercado intensivo!)
07. costumava dar, mas soube de umas histórias, que os alimentos não chegam ao destino, blá blá blá...
06. eu não falar português.
05. a minha reforma nem dá para os medicamentos!
04. oh menina, tenha paciência...
03. e a mim, quem é que me ajuda?
02. olhe, eu que vou às associações depois buscar comida, acha que vou contribuir?
01. and the winner is: já dei no pingo doce de alcântara! (amigo, para sua informação, esse supermercado foi demolido há uns meses!!)
mas se há pessoas que têm um coração menos caloroso - apesar da época natalícia - outras há que nos comoveram pelos gestos tão inesperados.
* o casal idoso que gasta cerca de €40 em mantimentos;
* as velhinhas reformadas que nos dão um saquinho e dizem "é pouco, mas se todos dessem um bocadinho de certeza que seria uma grande ajuda";
* mais duas velhinhas que enchem um carrinho inteiro (e mais) e oferecem ao Banco Alimentar: "juntámos um grupo de pessoas e todos contribuímos";
* o senhor simpático que veio de propósito (depois de ter estado no supermercado de Alvalade a fazer o mesmo) encher um saco para o Banco;
* a velhinha que nos diz "se não tivesse vindo contribuir, para que é que saía de casa"?;
* as crianças, que vêm muito contentes entregar os alimentos que os pais compraram;
* os que só iam comprar uma ou outra coisinha e, ainda assim, trouxeram mais meia dúzia para o Banco;
* todos aqueles que, não tendo ficado na memória, ajudaram dentro das suas possibilidades.
porque se todos dermos um bocadinho, faremos esse muito que tanta gente precisa :)
está a decorrer este fim-de-semana, em diversos hiper e supermercados do país, a campanha para o Banco Alimentar Contra a Fome.
o Banco ajuda várias associações - de crianças, mães solteiras, desalojados, seropositivos, etc. imaginem um Natal sem família ou amigos. um Natal passado no chão frio da rua, em que um cartão não chega para cobrir a alma. imaginem a infinidade de pessoas que, em Portugal, vivem em condições miseráveis. mas se pudéssemos ajudar...
é muito pouco o que podemos fazer. e, às vezes, nem percebemos a importância que um pequeno gesto pode ter.
o Banco precisa de alimentos enlatados (atum, salsichas, por exemplo), empacotados (como o leite, as massas, arroz, bolachas, cereais) ou engarrafados (azeite, óleo, ...). são alimentos que não se estragam e podem facilmente ser distribuídos.
PARTICIPEM! "AJUDEM A ALIMENTAR ESTA IDEIA" :)